“Vocês estão cansados, enfastiados de religião? Venham a mim! Andem comigo e irão recuperar a vida. Vou ensiná-los a ter descanso verdadeiro. Caminhem e trabalhem comigo! Observem como eu faço! Aprendam os ritmos livres da graça! Não vou impor a vocês nada que seja muito pesado ou complicado demais. Sejam meus companheiros e aprenderão a viver com liberdade e leveza” (Mt. 11. 28-30).
A vida e o ministério de Jesus têm diversos significados possíveis, a maior parte deles igualmente válidos, que se somam uns aos outros no sentido de apontar para aquilo que Deus, cuja plenitude nele habitava, tinha a realizar por meio de Seu Filho.
Uma das coisas mais intensas que Jesus realizou em seu ministério foi relativizar o poder da lei e a importância da religião.
Todos nós julgamos precisar de coisas firmes e estáveis para, de nosso lado, termos firmeza e estabilidade. Uma forte religião, com características legalistas e com normas e padrões bem estabelecidos, é uma boa alternativa para a manutenção do controle e para a estabilização da vida.
É sempre mais fácil entregar a outro as rédeas de nossa existência e nos eximir da responsabilidade de tomar decisões e fazer escolhas na vida.
É mais seguro entregar as escolhas éticas que precisamos fazer ao manual de regras da vida que nos diga que, por exemplo, no sábado não me é permitido realizar nenhum trabalho. Contra essa regra, Jesus se insurgiu: “O sábado foi feito para servir às pessoas e não as pessoas para servirem o sábado” (Mc. 2. 27).
Entender a vida a partir do simples cumprimento da lei é mais fácil, ainda que mais pesado. Ter consciência da necessidade de tomar as próprias decisões é duro e, às vezes, mais doloroso.
Jesus passou todo o seu ministério preocupado em relativizar o valor da lei e, desse modo, enfrentava a rigidez da religião.
A fé deve ser libertadora, não castradora. Deve ser alimentada pelo amor e não pelo medo ou obrigação.
Foi o amor de Jesus que enfrentou a lei e a religião em João 8 quando salvou a mulher flagrada em adultério - que deveria, segundo a lei e a religião, ser apedrejada até a morte.
O amor e a fé são a mais pura verdade espiritual e, sabemos todos, que ao conhecermos a verdade, ela nos libertará (Jo. 8. 32).
Esse é o convite de Jesus - um convite para o amor a todos os que “estão cansados, enfastiados de religião”. Um convite a irmos até Ele. "Venham a mim! “
Ouso arriscar que a maior parte de nossas dores da alma resultam da pressão exercida por uma moralidade com viés religioso, uma forma de religião baseada no legalismo e regras de conduta espiritual pouco flexíveis.
Lembro da mulher do fluxo de sangue (Mc. 5, Mt. 9, Lc. 8) e vejo nela uma vítima da religião. Havia 12 anos que ela tinha uma hemorragia vaginal constante. Isso fazia dela uma mulher impura. Além dos bens que empregou tentando uma cura, podemos admitir que em 12 anos ela perdeu marido, família, amigos, tudo o mais, uma vez que nessa condição de impureza lhe restava o isolamento, uma vez que todos e tudo o que ela tocasse também se tornariam impuros.
Ao decidir enfrentar a multidão e tocar Jesus, a mulher, na verdade, decidiu enfrentar a lei e os seus preceitos. Ao se acotovelar no meio de todos, segundo a lei, ela tornou impuros todos aqueles que encostaram nela. Mais que isso: tornou impuro o Mestre que ela julgava ser capaz de libertá-la.
Você percebe? Antes de tocar Jesus, a mulher já se libertara de toda a opressão trazida e representada pela lei e pela religião.
Não acho difícil supor que sua doença tivesse um aspecto psicossomático e que representasse algo de sua culpa e da opressão da fé. Ao romper as barreiras que a prendiam, ela abriu caminho para a cura.
“Vocês estão cansados, enfastiados de religião? Venham a mim! Andem comigo e irão recuperar a vida. Vou ensiná-los a ter descanso verdadeiro. Caminhem e trabalhem comigo! Observem como eu faço! Aprendam os ritmos livres da graça! Não vou impor a vocês nada que seja muito pesado ou complicado demais. Sejam meus companheiros e aprenderão a viver com liberdade e leveza” (Mt. 11. 28-30).
Esse é o convite de Jesus para todos os que estamos em sofrimento, todos que sentimos o peso e a dor da lei e da religião. Não precisa ser assim. Ele veio relativizar a lei em favor da vida: “aprendam os ritmos livres da graça!”. Ele nos chama a sermos seus companheiros e, assim, aprenderemos “a viver com liberdade e leveza”.
Ainda haverá um fardo e um jugo, mas além de serem suaves e leves, teremos suas mãos para nos ajudarem em conduzí-los.
Não estaremos mais sós para enfrentar os pesos, as lutas e as dores que a vida nos coloca. Estaremos nEle, com Ele. Seremos seus companheiros, caminhando e trabalhando com Ele.
No ritmo da graça.
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