29.12.16

Poder

Quando desceram a montanha para se reunir aos outros discípulos, viram-se rodeados por uma multidão imensa, que debatia com os líderes religiosos. Assim que viu Jesus, o povo ficou animado. Correram para ele e o saudaram. Ele perguntou: “O que está acontecendo? Por que toda esta agitação?”.
Um homem da multidão respondeu: “Mestre, eu trouxe meu filho, que foi deixado mudo por um demônio. Toda vez que o demônio se apossa dele, joga-o ao chão. O menino baba, range os dentes e fica rígido como uma tábua. Falei com teus discípulos, esperando que o libertassem, mas não puderam”.
Jesus suspirou, inconformado: “Mas que geração! Vocês não conhecem Deus! Até quando vou ter de aguentar esse tipo de coisa? Quantas vezes ainda vou ter de passar por isso? Tragam o menino aqui!”. Eles o trouxeram. Quando o demônio viu Jesus, apossou-se do menino, que ficou babando e se contorcendo no chão.
Jesus perguntou ao pai do menino: “Há quanto tempo isso acontece?”.
“Desde que era pequeno. Muitas vezes o demônio o joga no fogo ou no rio para matá-lo. Se o senhor puder fazer alguma coisa, tenha misericórdia e nos ajude!”.
Jesus disse: “ ‘Se eu puder’? Tudo é possível para quem tem fé”.
Assim que Jesus disse essas palavras, o pai do menino exclamou: “Eu creio, mas me ajude a vencer as minhas dúvidas!”.
Percebendo que a plateia ficava cada vez maior, Jesus deu ordens expressas ao espírito maligno: “Espírito mudo e surdo, eu ordeno: sai dele e não volte!”. Com muito estardalhaço, o espírito saiu. O menino estava pálido como um defunto, de modo que as pessoas começaram a dizer: “Ele está morto”. Mas, tomando-o pela mão, Jesus o levantou. O menino ficou em pé.

Marcos 9. 14-27


Pensei sobre esse texto hoje.

Jesus desce do monte da transfiguração e se depara com uma confusão: um pai levou seu filho epiléptico para ser curado pelos discípulos, que não tiveram sucesso.

Independente do relato, Marcos constrói uma relação óbvia que é um desafio para nós. Ele estabelece dois pares paralelos que apontam direto para nós, no século XXI:


Poder ---------------------- Impotência

Fé --------------------------- Incredulidade


No texto é evidente: quem tem fé, pode. Quem não tem, não pode.

Se o senhor puder fazer alguma coisa, tenha misericórdia e nos ajude!”.

Jesus disse: “ ‘Se eu puder’? Tudo é possível para quem tem fé”.

Por isso, diz o pai: “Eu creio, mas me ajude a vencer as minhas dúvidas!”.

O que é mais desafiador nesse texto, a meu ver? A quem você acha que Jesus dirige essas palavras: “Mas que geração! Vocês não conhecem Deus! Até quando vou ter de aguentar esse tipo de coisa? Quantas vezes ainda vou ter de passar por isso?”?

Quem não pode fazer nada em favor do menino doente? Quem foi impotente por ser incrédulo?

Não foi a multidão: foram os discípulos.

É dos discípulos que Jesus está falando.

É de mim e de você.

Quantos deixamos de ajudar porque não cremos e, sem crer, não podemos?

Alguns domingos atrás, eu fui a Igreja e, pela primeira vez, escrevi um pedido de oração com duas questões - uma delas, a cura da depressão. Quem me conhece de perto sabe o que eu penso sobre pedidos de oração assim.

No entanto, eu cri: algo ia acontecer com o meu pedido.

Quando sai da igreja naquela noite e fui lanchar com uma turma de amigos, não senti nenhum prazer naquilo - o que me incomodou profundamente.

“Não aguento mais essa doença. Quero ficar bom”, disse.

Escrever o pedido de oração foi o primeiro passo - de lá para cá, tudo só fica mais claro, leve, luminoso. Em paz.

Por isso, faça como o pai, em resposta a Jesus:

“Eu creio, mas me ajude a vencer as minhas dúvidas!”.

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