Salmo 147. 18
Em geral, as avaliações sobre o ano que se encerra, 2016, não têm sido positivas. As redes sociais estão cheias de pessoas lamentando tudo o que se deu nesse ano e, desse modo, buscam renovar as esperanças sobre o ano que virá em breve.
Muitos de nós devem considerar que 2016 deve ter sido o pior ano de suas vidas, seja por crises pessoais, familiares, pela crise econômica, pela crise política, pelas guerras ou acidentes trágicos. Um ano infernal. Ou invernal.
O cenário descrito nesse trecho do Salmo 147 é de um rigoroso e sofrível inverno:
Ele espalha a neve como lã branca
e esparrama a geada como cinzas.
Ele espalha granizo como alpiste:
quem pode sobreviver ao seu inverno?
Então, ele dá uma ordem, e tudo derrete.
Salmo 147. 16-18
Faz lembrar, mais uma vez, os relatos de Viktor Frankl (“Em busca de sentido”). Frankl descreve o inverno no campo de Auschwitz. Os prisioneiros iam para os campos de trabalho pressionados por soldados, com temperaturas de até 20 graus negativos, vestindo parcos agasalhos, com calçados velhos, amarrados com arames e que, na maior parte do tempo, não cambiam os pés inchados e feridos dos prisioneiros. Por vezes, a dor era insuportável, quando não forçava os internados a caminharem no gelo e na neve se pés descalços. Frankl descreve momentos de ver os pés feridos dos companheiros que chegavam, inclusive, a perderem dedos que simplesmente fragmentavam-se, congelados.
É esse o inferno. É esse o inverno.
Entre abril e maio de 1945, o sol brilhou: a frente de batalha chegou ao campo e os prisioneiros sobreviventes se viram livres.
Ele sopra sobre o inverno, e de repente é primavera!
Podemos estar vivendo debaixo do mais rigoroso inverno, com agasalhos insuficientes, pés feridos e descalços, poucas calorias para nos alimentar e ajudar a resistir. Podemos, no entanto, estar certos: Ele vai soprar, derreter a neve e o gelo e “de repente é primavera!”
O jardim florescerá novamente. As flores perfumarão mais uma vez. O sol brilhará de novo. Os animais correrão livres. Nós estaremos nas ruas experimentando toda a beleza, todo o aroma e toda a riqueza da primavera.
O céu não mais estará cinzento. Não mais estaremos presos. O inverno não dura para sempre, ainda que não consigamos enxergar, por vezes, nem a saída, nem o fim, nem cinco dedos a frente do nosso nariz.
Eu já experimentei isso: o inverno não é eterno, por mais tempo que pareça durar.
"O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa", uma das Crônicas de Nárnia, apresenta uma boa imagem desta situação. Nárnia está mergulhada em um inverno que as pessoas pensam ser eterno porque, aparentemente, Aslam deixou o Reino derrotado pela Feiticeira Branca.
A estória é uma ilustração do evangelho de C.S. Lewis.
Quando o Leão ruge, a neve derrete.
Ele sopra sobre o inverno, e de repente é primavera!
Ele sopra sobre o inverno, e de repente é primavera!
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