Mas o Senhor disse: “Não discuta! Eu o escolhi como meu representante pessoal entre judeus, outros povos e reis e agora estou prestes a mostrar a ele o que o aguarda — o sofrimento que acompanhará a tarefa”.
Atos 9.15-16
Ainda que queiramos negar, o sofrimento faz parte da vida. Claro que isso não é bom nem é agradável, mas nenhum de nós pode passar incólume. As coisas quase nunca estão sob controle e fatalidades são parte de nosso dia a dia.
Lembro que em março de 2015 eu estava numa reunião de orientação com um aluno em uma livraria de Fortaleza quando o telefone tocou para me informar que minha filha sofrera uma queda na escola e tivera uma grave fratura no braço direito. Eu praticamente tive que largar tudo para voar para Natal a fim de acompanhá-la.
Fatalidades ocorrem em todos os níveis. Podemos procurar nos preparar para o sofrimento e a dor mas cada um de nós já aprendeu que seremos sempre surpreendidos, como o foi, por exemplo, o justo Jó.
O problema, no entanto, não é a dor e o sofrimento. O problema é toda uma sorte de receitas que estão disponíveis no mercado para convencer-nos que é possível fugir da dor e do sofrimento.
Essas receitas se encontram, especialmente, no mundo religioso e, infelizmente, também no ambiente cristão.
Há muito evangelho sendo pregado por aí que oferece a cura de toda dor e sofrimento, a fuga do que disfuncional, Há muita igreja na qual se chega e a promessa é de uma vida plenamente feliz o tempo todo, sem que nada possa dar errado. E se algo não funciona, a culpa é do fiel que pecou ou a quem foi faltou fé - ampliando o próprio sofrimento.
Dia desses um amigo me chamou atenção para esse trecho de Atos, no qual o Senhor conversa sobre Paulo récem-convertido com Ananias:
agora estou prestes a mostrar a ele o que o aguarda — o sofrimento que acompanhará a tarefa.
A primeira promessa a Paulo não é aquela de uma vida tranquila. A primeira promessa a Paulo é que ele sofrerá. Experimentando a salvação, servindo a Deus com o seu ministério, anunciando o evangelho de Jesus: a tudo isso lhe acompanhará sofrimento.
Viktor Frankl diz que no sofrimento é nosso papel dar sentido a ele. Só assim poderemos sobreviver a ele. Isso não significa que vamos buscar o sofrimento de iniciativa própria ou que, podendo evitá-lo, não o faremos.
Ter certeza de que na vida sofreremos não pode significar nenhuma postura masoquista de busca desenfreada do sofrer, nem pode significar a negligência com o evitar a dor desnecessária.
Só precisamos saber: sofrer é parte da vida, mas não é o fim da vida.
Que não nos surpreendamos quando a vida doer e que saibamos que é justamente nessas horas que Jesus vai nos carregar no colo.
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