4.2.05

Deus é tudo o que eu tenho (parte 3)

A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto, esperarei nEle.

Lm. 3. 24

De vez em quando me bate uma crise. Olho no espelho da minha alma e me pergunto o que Deus vê em mim. Vejo o que penso, como ajo, ou como deixo de agir. Ouço as palavras terríveis que digo todos os dias. Percebo o péssimo testemunho do nome de Cristo que tenho dado.

E a mentira? O quanto eu digo amo ao Senhor e quanto a minha vida está longe de concretizar, de qualquer forma, esse amor. Eu canto que sinto prazer em estar na presença de Deus, declaro isso aos quatro ventos a quem quiser ouvir, mas que prazer que nada: quando paro um instante para orar e ter comunhão com Deus, me aflijo com o relógio. Sensação de estar perdendo tempo quando eu teria coisas mais importantes para fazer. Como ver aquele filme na televisão.

Digo, a quem quiser ouvir, que minha alegria é servir ao Senhor e obedecê-Lo. E todos os dias sou pego em flagrante desobediência e me vejo perdendo a alegria por qualquer coisa mais banal.

Em resumo, como diria Paulo, dia a dia me descubro como o mais miserável de todos os pecadores. O menor de todos os santos. E a única palavra, a predileta, termina sendo Romanos 7: 15-25: “Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto”. Conforto para a alma. Mas parece faltar algo. De verdade.

É que a graça de Deus é injusta. Na nossa justiça a gente considera que toda falta merece uma punição equivalente. Logo, se eu me sei o pior dos pecadores, não é qualquer fala como essa que vai conseguir me tirar da tristeza que nasce ao me descobrir quem sou. É preciso algo mais que recitar uns versículos. É preciso vivenciar a realidade da verdade do evangelho da graça, que me lembra o sentido da morte de Cristo: “Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado. Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm. 7. 25 – 8. 1).

Não conseguimos entender ou aceitar com facilidade que não existe nada maior que o amor de Deus por nós. Por pior que ajamos, por mais miseráveis que nos pareçamos, nada que fizermos, nenhum pecado, é maior que a graça de Deus. Nada pode nos afastar do amor de Deus. Isso precisa ser vivido por nós.

Deus é tudo o que tenho, apesar de mim mesmo! Deus não me perderá jamais de sua mão, não deixará que eu escape dEle. Ele não deixará que eu me perca dEle. Disse Jesus, o Bom Pastor: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna: jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão” (João 10. 27-28).

Deus me leva ao seu seio. Ao seu cuidado eterno. Meus pecados nunca serão maiores que a Sua Graça. Deus é tudo o que eu tenho, apesar de mim mesmo!

Desse modo, a verdade expressa abaixo se reveste de um novo e rico sentido para mim:

“Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós O entregou, porventura, não nos dará graciosamente com Ele todas as coisas? Quem intentará acusação contras os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: ‘Por amor de Ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro’. Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”.

3.2.05

Deus é tudo o que eu tenho (parte 2)

A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto, esperarei nEle.

Lm. 3. 24

O livro de Atos, no capítulo 8, conta a história de um homem chamado Simão Mago, morador da Samaria. Quando Filipe, o diácono, foi conduzido pelo Espírito até lá e começou a pregar o Evangelho, Simão, admirado do que Deus fazia por meio do pregador, “abraçou a fé”, foi batizado e “acompanhava Filipe de perto, observando extasiado os sinais e grandes milagres praticados” (At. 8. 13).

Os apóstolos de Jerusalém enviaram Pedro e João para constatar aquilo que estava acontecendo em Samaria por meio da pregação do diácono. Chegando lá, oraram para que os que creram recebessem o Espírito Santo. Cada um recebia o Espírito quando um dos apóstolos lhe impunha as mãos. Simão enlouqueceu. Que grande poder era aquele! Um homem pode impor as mãos sobre outro para que receba o Espírito Santo! E aí Simão lhes ofereceu dinheiro para comprar o dom do Espírito. Pedro deu uma única, dura como deverei ser: “O teu dinheiro seja contigo para a perdição, pois julgaste adquirir, por meio dele, o dom de Deus. Não tens parte nem sorte neste ministério, porque o teu coração não é reto diante de Deus. Arrepende-te, pois, da tua maldade e roga ao Senhor; talvez te seja perdoado o intento do coração; pois vejo que estás em fel de amargura e laço de iniqüidade”.

Provavelmente nunca admitiríamos agir igual a Simão. Afinal, qualquer um de nós dificilmente já passou pela experiência de tentar adquirir o dom de Deus por dinheiro. Mas certamente a idéia por trás disso tudo é familiar aos desejos que muitas vezes nutrimos. Olhamos os dons mais espetaculares do Espírito Santo, justamente aqueles que não possuímos e ficamos pensando que faríamos qualquer coisa para tê-los. Talvez não os queiramos comprar com dinheiro, mas tentamos pagar com alguma moeda espiritual: oração, jejum, dedicação maior à obra do Senhor. Como Simão, buscamos ansiosamente termos o poder de Deus agindo espetacularmente em nós. Mesmo que não admitamos isso.

Jeremias ensina que Deus é tudo que nós temos, apesar dos dons espirituais. Os dons espirituais são uma bênção, mas são apenas um caminho para que cheguemos mais perto do que realmente importa: o próprio Deus, a comunhão com Ele, a vida com Ele. Sabemos que Deus é Galardoador, mas não o é de quem busca Seus galardões, mas sim de quem O busca (Hb. 11. 6). A Bíblia nos convida a querer os melhores dons, mas nos diz para termos sede do Deus vivo (1 Co. 14. 1; Sl. 42. 1-2). O que Deus nos faz não pode ser mais importante que o próprio Deus para nós. Não percamos tempo olhando as mãos que nos abençoam, perdendo de vista e perdendo a comunhão com o Ser que nos abençoa. E que nos quer, cada dia, mais perto dEle, mais íntimo dEle.

Mais perto quero estar, meu Deus, de Ti

Inda que seja a dor que me una a Ti.

2.2.05

Deus é tudo o que eu tenho (parte 1)

A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto, esperarei nEle.

Lm. 3. 24

A primeira coisa que se destaca neste pequeno versículo do livro de Lamentações é a expressão “diz a minha alma”. Essa é a expressão da manifestação de todo o ser. É todo o ser do profeta que está falando. A sua inteireza, a sua alma, a sua personalidade está se manifestando nessa frase. Não é apenas o intelecto, ou não são apenas palavras que estão postos nisso, mas é a vida inteira. É toda a realidade que se põe a dizer que a única porção de sua existência é o Senhor. A alma que diz está inteiramente posta naquilo que expressa.

Com isso em mente, podemos lembrar que Jeremias ficou em Jerusalém após a deportação do povo e a destruição da cidade. Apenas uns poucos, os mais pobres, foram deixados pelos exércitos babilônios para tomar conta da terra. A cidade estava destruída. O povo foi levado embora na sua maioria. E o profeta se lamentava. Ninguém tinha mais nada porque tudo está destruído: bens, sonhos, vida. É interessante observar a tradução na linguagem de hoje deste versículo: Deus é tudo o que tenho; por isso, confio nele. Ninguém tem mais nada, por isso faz todo sentido dizer que Deus é tudo que se tem!

Agostinho, no século IV, disse, em suas Confissões: “Tu o incitas para que sinta prazer em louvar-Te; fizeste-nos para Ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em Ti. (...) Mas o que estamos dizendo, meu Deus, vida da minha vida, minha divina delícia? Que consegue dizer alguém quando fala de Ti? Mas ai dos que não querem falar de Ti, pois são mudos que falam. Quem me fará descansar em Ti? Quem fará com que venhas ao meu coração e o inebries ao ponto de eu esquecer os meus males, e me abraçar a Ti, meu único bem?” Agostinho expressa com sua alma algo semelhante ao que diz Jeremias: o seu coração só encontrará descanso em Deus e o Senhor é seu único bem.

Essas almas descobriram que ter Deus como sua porção é tê-lo como único bem, apesar de qualquer coisa, inclusive dos bens materiais. A expressão “a minha porção é o Senhor” representa a fala de alguém que não tem posses, que não tem direito a heranças. Jeremias era um sacerdote. Os sacerdotes não tiveram direito a terras e bens em Israel, quando a Palestina foi dividida entre as doze tribos. Eles viveriam do Templo porque a sua única herança era o Senhor. Os sacerdotes eram pessoas sem bens pessoais. A sua porção era o Senhor. Tudo o que eles teriam seria Deus.

Isso estava mais nítido e patente com a cidade destruída. E conduz à reflexão de que Deus deve ser tudo que tenhamos, independentemente dos bens materiais.

Quando aquele jovem rico procurou Jesus o seu problema foi não conseguir abrir mão dos bens materiais por amor a Jesus. E o Senhor disse, naquele momento, com dureza, que era impossível um rico ser salvo. Mas, o que para os homens era impossível, para Deus era possível, desde que Deus seja, no fundo e na alma, tudo que o rico tenha.

Deus há de ser tudo o que você tenha, mesmo que você tenha posses, ou mesmo que estas faltem. Você não se deixará dominar pelo Deus Mamon.

28.1.05

O amigo do Noivo
João 3. 22 – 36

De repente, chegaram para João Batista, o maior líder religioso daquele momento em Israel, e disseram que o tal Jesus estava batizando e que o povo começava a seguí-Lo. O que João iria fazer com aquilo? Certamente, ele começaria a perder influência e espaço entre o povo. Os discípulos de João, provavelmente, se sentiam um tanto perdidos e desconcertados com aquela situação. Esperavam uma orientação do profeta.

Então, o profeta usa uma ilustração. Ele, João, é o amigo do Noivo. Está fazendo companhia aos convidados, orientando a Noiva enquanto o Noivo, seu amigo, não vem. Mas agora o Noivo chegou. João, como Seu amigo, tem que dar o lugar a Ele. O lugar pertence a Ele, o Noivo Jesus. A festa de casamento é do Noivo e da Noiva, é de Jesus e da Igreja.

É exigida de João muita humildade e submissão. O povo até então o seguia. A partir de agora, não o seguirá mais. O povo até então ouvia sua palavra e agora não ouvirá mais. Era João quem estava à frente, sendo o centro das atenções da vida religiosa daquele lugar. Todos confiavam nele e Deus estava agindo por meio dEle. O plano de Deus estava correndo através da vida de João. O Espírito de Deus estava fazendo as coisas novas através da sua vida. Agora não será mais assim. João precisava de humildade e muita submissão para poder vivenciar esse novo momento na carreira de seu ministério. Ele precisava entender que o plano de Deus agora não se realizava mais por meio dele e precisava estar disposto a sair de cena. Com humildade.


O mais surpreendente é que João era capaz de estar feliz porque o Noivo e a Noiva se alegravam juntos. Ele também se alegrava porque conseguia entender que Jesus era mais importante que ele, vindo do Alto, falando das coisas que ouvira diretamente do Pai. Acima de tudo, a alegria de João era a manifestação do sentimento de missão cumprida. Agora sim, ele executou o papel que lhe determinara em Seu plano e poderia sair de cena e abrir espaço para o Noivo conquistar e festejar com Sua Noiva.

Essa história me ensina algumas coisas. Primeiro, que é preciso ter humildade e ser submisso para darmos a Jesus o lugar que só pertence a Ele em nossas vidas. Outra coisa tão importante quanto essa é que não podemos querer aparecer mais que o Noivo: a festa é dEle, Ele é o mais importante e precisa ser o centro das atenções.

Deus nos convida a usufruir o prazer e a alegria que Jesus tem em comunhão com Sua Noiva e nos convida a adorarmos e nos alegrarmos nEle, por tudo o que Ele é. Somos desafiados a completar o ministério e a missão que Ele pôs em nossas mãos.

27.1.05

Avivamento ou Fingimento?

Em muitos aspectos os dias do profeta Jeremias na Palestina se assemelham ao nosso tempo. Jeremias, filho do sacerdote Hilquias, era um profeta influente na corte de Jerusalém. Seu ministério se realizava na cidade, na capital. Anatote, onde nasceu, distava poucos quilômetros do templo. Profetizou nos reinados de Josias, Jeoaquim e Zedequias. Um extenso período de anúncio da Palavra de Deus.

Em que seu tempo se assemelha a nossos dias? Parte do ministério do profeta acontece em um tempo de Avivamento. O culto ao Deus de Israel está se fortalecendo diante dos cultos idólatras, especialmente o culto a Baal.

São os dias do Rei Josias. 2 Crônicas 34 nos conta a história de Josias:

1) Tornou-se rei aos oito anos de idade, após a morte de seu pai Amom;

2) Com dezesseis anos, começa a buscar a Deus e tentar acabar com todas as falsas religiões na terra de Israel;

3) Com vinte anos, Josias viaja pela terra e purifica Judá e Jerusalém, acabando com os cultos aos falsos deuses;

4) Aos vinte e seis anos ordena a Reforma do Templo de Jerusalém, de onde são retirados todos os elementos que faziam parte dos cultos idólatras;

5) Enquanto o Templo era Reformado, foi encontrado, pelo sacerdote Hilquias (provavelmente, o pai de Jeremias) o Livro da Lei, que é lido diante do Rei. “Quando ouviu o que o Livro da Lei dizia, o rei rasgou as suas roupas em sinal de tristeza”, diz o texto.

6) O resto do capítulo e o capítulo seguinte nos contam como Josias desenvolveu o seu projeto de Reforma Religiosa, como o rei levou o povo a renovar a Aliança com Deus, pondo fim a todo culto a falsos deuses, e como o rei realizou a maior Páscoa da história de Israel.

7) A Palavra de Deus se espalhou, sendo pregada em toda parte, tanto em Judá, quanto em Israel.

Certamente, o templo andava cheio. As pessoas estavam buscando refrigério para suas almas. A religião estava avivada. Como hoje, as multidões sedentas por respostas, por vida com Deus, corriam para o templo para ouvir o ensino e a pregação. Como hoje, a religião do Deus vivo se tornou religião da moda. As pessoas estavam abandonando o culto a Baal e toda idolatria. Os líderes diziam, com razão, que se vivia um Avivamento.

Mas qual a sua profundidade?

Nesse ponto, olhar o livro de Jeremias é inquietante.

Jr. 3. 6 e 9: “Durante o reinado do rei Josias (!), o Senhor me disse: ‘Você viu o que fez Israel, a infiel? Subiu todo monte elevado e foi para debaixo de toda árvore verdejante para prostituir-se. (...) Judá, a traidora, não voltou para mim de todo o coração, mas sim com fingimento’, declara o Senhor”.

A ilusão do crescimento da religião se desfaz em poucas palavras. Fingimento, não Avivamento. É assim que Deus vê as coisas.

O oráculo de Deus continua descrevendo a forma como o Senhor insistiu com a conversão do povo: “Voltem, filhos rebeldes! Pois eu sou o Senhor de vocês”, declara o Senhor” (14)

Talvez passasse pela cabeça do povo que conversão era ter o templo cheio, uma festa de Páscoa concorrida, mas a conversão real não é uma questão de culto. Por isso o Senhor diz que se o povo se converter “não dirão mais ‘A arca da Aliança do Senhor’. Não pensarão mais nisso nem se lembrarão dela; não sentirão sua falta nem se fará outra arca” (16), porque o próprio Senhor habitará no meio do povo.

A conversão real não se resolve com palavras bonitas, ou palavras religiosas impressionantes, mas vazias de poder e conteúdo concreto. A conversão real se resolve com a presença do Deus vivo e um Avivamento Genuíno que não é encenação religiosa.

Deus continua falando: “Voltem, filhos rebeldes! Eu os curarei da sua rebeldia” (22). O povo responde com um belo discurso de arrependimento: “Sim! Nós viremos a ti, pois tu és o Senhor, o nosso Deus. De fato, a agitação idólatra nas colinas e o murmúrio dos montes é um engano. No Senhor, no nosso Deus, está a salvação de Israel.” (22-24).

Quase ouvimos Deus lamentando em sua resposta: “Se você voltar, ó Israel, volte para mim!” (4. 1).

E a partir daí Jeremias profere uma das condenações mais veementes contra o povo de Deus e seus líderes. No capítulo 5, o profeta denuncia toda a falsidade e superficialidade de sua religião, de seus sentimentos, de sua vida espiritual. Seu Avivamento, anteriormente chamado de Fingimento, não tem melhorado a vida ou o testemunho do povo. Mas nada ficará sem castigo. “Não devo eu castigá-los? Não devo eu vingar-me de uma nação como essa?” (5. 29), refrão repetido inúmeras vezes.

Ele diz que o “povo tem coração obstinado e rebelde; eles se afastaram e foram embora” (5. 23). Eles não têm ousadia para viverem na presença do Deus vivo de maneira coerente. “O meu povo é tolo, eles não me conhecem. São crianças insensatas que nada compreendem. São hábeis para praticar o mal, mas não sabem fazer o bem” (4. 22).

Jeremias diz que procurou alertar a liderança sobre a fragilidade da vida que fingem viver. Mas eles quebraram o jugo de Deus, diz o profeta. O castigo os alcançará por isso.

“Irei aos nobres e falarei com eles, pois, sem dúvida, eles conhecem o caminho do Senhor, as exigências do seu Deus. Mas todos eles também quebraram o jugo e romperam as amarras. Por isso, um leão da floresta os atacará, um lobo da estepe os arrasará, um leopardo ficará à espreita, nos arredores das suas cidades, para despedaçar qualquer pessoa que delas sair. Porque a rebeldia deles é grande e muitos são os seus desvios” (5. 5 -6)

O Fingimento, a que chamamos de Avivamento tantas vezes, se propaga através de profetas que estão mais preocupados em manter a sensação de satisfação espiritual dos fiéis do que em anunciar-lhes a vontade e a Palavra do Deus vivo. Eles constroem uma estrutura de entretenimento religioso, de festa cúltica, que não desafia qualquer um a uma vida de santidade na presença do Deus vivo. E no nível superficial, a Igreja impressiona com seus números e sua pirotecnia. Se olharmos como Deus olha, não vemos mais que puro fingimento.

Levantar-se, profeticamente, para denunciar situação assim é correr sérios riscos. Jeremias foi preso, perseguido, jogado em uma cisterna seca. Tudo por ter sido fiel ao chamado que Deus lhe fez e não ter se deixado levar pela impressão bonita que a Reforma de Josias deixou. Não podemos apenas aplaudir o crescimento da Igreja sem refletirmos, de outra parte, sobre os seus significados, implicâncias e profundidade.

“Porque a comunidade de Israel e a comunidade de Judá têm me traído”, declara o Senhor. Mentiram acerca do Senhor, dizendo: “Ele não vai fazer nada! Nenhum mal nos acontecerá; jamais veremos espada ou fome. Os profetas não passam de vento, e a palavra não está neles; por isso aconteça com eles o que dizem”.(...) “Uma coisa espantosa e horrível acontece nesta terra: Os profetas profetizam mentiras, os sacerdotes governam por sua própria autoridade, e o meu povo gosta dessas coisas. Mas o que vocês farão quando tudo isso chegar ao fim?” (5. 11 – 13 e 30 – 31).

Mas vocês acham que falar assim agrada ao Senhor? Você acha que Ele tem prazer nessas coisas?

Jr. 13. 15 -17:

“Escutem e dêem atenção, não sejam arrogantes, pois o Senhor falou. Dêem glória ao Senhor, ao seu Deus, antes que Ele traga trevas, antes que os pés de vocês tropecem nas colinas ao escurecer. Vocês esperam a luz, mas Ele fará dela uma escuridão profunda; sim, Ele a transformará em densas trevas. Mas, se vocês não ouvirem, eu chorarei em segredo por causa do orgulho de vocês. Chorarei amargamente, e de lágrimas os meus olhos transbordarão, pois o rebanho do Senhor foi levado para o cativeiro”.

Há ainda um caminho para sairmos do fingimento e experimentarmos o amor de Deus, o Avivamento Genuíno. Nos dias de Jeremias, depois que o castigo veio e o povo foi levado para o exílio na Babilônia, o profeta escreve uma carta aos exilados, em nome do Senhor. E na carta Deus diz:

“Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês, diz o Senhor, planos de fazê-los prosperar e não de lhes causar dano, planos de dar-lhes esperança e um futuro. Então vocês clamarão a mim, e eu os ouvirei. Vocês me procuraram e me acharão quando me procurarem de todo o coração. Eu me deixarei ser encontrado por vocês, declara o Senhor, e restaurarei a sorte de vocês” (Jr. 29. 11 -14)